domingo, 17 de maio de 2020

CDBs - bonitinhos mas ordinários

Foi mais ou menos lá por junho de 2019, na época em que o IBOVESPA ultrapassou a marca dos 100 mil pontos, que eu fiquei ressabiado em atochar mais dinheiro na bolsa. Os dividendos continuavam caindo, uma ou outra aplicação vencia e caía na conta, o salário também pingava no banco no 5º dia útil e eu ficava pensando em que diabos eu ia investir.

À primeira vista era só um incômodo mesmo com o gráfico. Investir na máxima histórica era um negócio que não me caía bem.

2016 a 2019 - Alguma hora vai dar merda
Olhando o gráfico do S&P500, que também parecia um foguete desde o final da crise de 2008, as coisas pareciam nem tão ruins para o Brasil, que passou por uma mega-crise entre 2014 e 2016 em que as ações afundaram sem fim. O Brasil, então, estaria recuperando o tempo perdido em que o resto dos mercados mundiais subiam enquanto nós caíamos.

Some-se a isso o fato da meta da SELIC vir caindo e caindo e a Fintwit estar em polvorosa com os ganhos de todos os papeis, e o cenário estava mais que chamativo para enfiar mais dinheiro ainda em bolsa. No Instagram até o Monkey Stocks tirava um sarro do bull market, comparando semanalmente uma carteira de ativos sorteados (coisa que um macaco faria fácil) com as carteiras das corretoras e dos bancos... E a carteira dos macacos ganhava muitas vezes.

Vamos comprar CIEL3, CVCB3 e AZUL4 pra ter um Portfólio bem diversificado

Alguma coisa me parecia fora da casinha, mas mesmo assim aportei novamente uma grana razoável em agosto de 2019 quando o IBOV passou por uma leve correção.

De lá em diante eu fui acumulando grana em LCA do Banco do Brasil, e juntando e juntando, sem ter muita confiança no que fazer com o cascalho. Eis que um dia, entrando na plataforma da XPI pela manhã vi uns CDBs pagando uns valores que só se viam na época do Temer: IPCA + 6,0%, pré-fixado pagando 11% ao ano ou pós-fixado pagando 140% do CDI. Isso foi em final de outubro.

Obviamente que eram CDBs de bancos médios ou pequenos: BMG, Banco PAN, Fibra, Original, Pine, dentre outros. E todos do mercado secundário: o investidor se livrava do CDB com deságio e a XPI o colocava de novo na plataforma.

De outubro de 2019 a fevereiro de 2020 me enchi desses CDBs. De migalha em migalha acabei comprando quase R$ 180 mil deles. A maioria com vencimento entre 2021 e 2024, sendo mais ou menos uns 40% atrelados ao IPCA, 40% pré e 20% atrelados ao CDI.

Releve o índice de Basileia - nós temos um ótimo CDB pra você!

Procurei dividir entre os bancos - comprei PAN, BMG e Original e, pasmem, na Black Friday fiz a cagada de comprar Banco Máxima na Easynvest, pagando 12% a.a. para 2027. Acho que esse dinheiro vai ser difícil de ver de novo.

Estava me achando o foda, comprando CDB bom e barato... até que veio o Coronavírus. E me derrubou.

Ok, na crise "Cash is gold"? Sim, se você tem o dinheiro em mãos. Os CDBs que comprei não tinham liquidez imediata. Liquidez só no vencimento. Mas o problema maior não é esse. A pulga atrás na orelha fica por conta do FGC, o Fundo Garantidor de Créditos, essa jaboticaba que servia pra corretoras e consultores de investimentos colocarem uma estrelinha dourada ao lado do título e dizer: - É livre de risco!

Livre de risco meus ovo!
Agente Autônomo de Investimentos à esquerda e você à direita.


O FGC atualmente só tem grana pra cobrir 2,39% dos depósitos bancários. E pra piorar, e em 23 de abril de 2020 o Conselho Monetário Nacional editou nova regra que permitiu aos bancos captarem depósitos a prazo com garantia especial de outros bancos com garantia do FGC... mas com limite de 400 milhões de reais e prazo de liquidação de 3 dias - enquanto para o investidor comum o prazo é de em média 45 dias. Ou seja, numa quebra de banco quem vai receber primeiro do FGC são os próprios bancos que emprestaram para o banco falido. Você vai para o fim da fila!

O que nos resta, então? Fugir de título de renda fixa, salvo dos bancões (Banco do Brasil, Itaú, Bradesco, Caixa e Santander). Eu abriria duas exceções para bancos pequenos: BTG e Inter, e ainda assim para títulos com resgate imediato a qualquer tempo.

Minha reserva de emergência e mesmo a reserva de oportunidade que vinha montando ficam agora só no Banco do Brasil, em CDB diário ou em LCA (que não são resgatáveis dentro de 90 dias).

Agora que a merda está feita, não tenho outra saída a não ser deixar a grana nos títulos comprados. Com a perspectiva de depreciação do Real isso parece ainda mais assustador, mas como não tenho intenção de sair do Brasil (por enquanto... vai saber o que isso aqui vai virar), minhas despesas continuam sendo em moeda verde-e-amarela. E você, já comprou CDB bosta?

domingo, 10 de maio de 2020

Estreia do Blog

Olá! Este é o início do Blog do Investidor Jabuti. Ou Jabuti Investidor, como preferir.

Depois de muito tempo surfando e passeando pela blogosfera tupiniquim dos investimentos, resolvi colocar as mãos à obra e deitar umas linhas sobre minhas estratégias de investimento.

Por que Jabuti? Vou explicar o porquê. Jabuti é esse bicho aqui:

Sim, eu pareço mas não sou uma tartaruga
Deu pra ver que é um bicho lerdo pra caramba. Óbvio, não bastassem essas patinhas minúsculas, atrofiadas, o Jabuti ainda tem que carregar essa porra de casco pesado nas costas.

E daí? Daí que eu sou um cara devagar. Eu não gosto de pular de cabeça em nada que desconheça, e assim funciona com investimentos também. Gosto de decidir com calma, e sou sempre comedido nas minhas ações. Mesmo quando estou convicto de algo, continuo com um pé atrás, pois algo imponderável ainda pode ter escapado dos meus cálculos mentais.

Fora isso, Jabuti é um nome que me agrada. Vem do tupi, é coisa daqui da terrinha. Não sou chegado a estrangeirismos, a não ser que eles sejam necessários. Quando descobri que os espanhois chamavam pendrive de lápiz de memoria fiquei estupefato. Caralho, e a gente aqui indo do co-working pro crossfit fazer jumping jacks e pull-ups.

Gente, hoje nosso workout vai ser 500m de run com push-ups, burpees e rope climbing, ok? No final passa na recepção pra ganhar coupon de desconto da escola de inglês
Jabuti, essa palavra que soa engraçada, ainda se refere à manjada técnica sorrateira que Deputados e Senadores usam pra enfiar numa lei tramitando no Parlamento um artigo completamente fora da matéria em questão para favorecer a si mesmo ou a algum grupo. Não sei como é que essa prática tomou esse nome, mas é algo bastante curioso. Funciona assim: tem uma lei tratando de reajustes de plano de saúde no Congresso e o Deputado bancado pelos lobistas da indústria alcooleira, por exemplo, tenta enfiar no meio da lei, em geral no finalzinho dela, um artigo dando algum benefício pros usineiros. É a canalhice-mor institucionalizada no processo legislativo. É o equivalente das letrinhas miúdas no pacote de bolo de milho que você comprou no mercado, que diz que aquilo ali tem milho transgênico e mais uma caralhada de conservante, mas foda-se porque vai passar batido mesmo.

Tem umas letrinhas aqui no final da lâmina do fundo falando que o gestor pode se alavancar ao infinito. Legal!

Mas enfim, meu jabuti não é nada disso! É jabuti pela têmpera, pela cadência: devagar e sempre!

Tem muitos blogs que sigo e admiro, galera que ensinou muitas artimanhas do mundo dos investimentos, e minha intenção é contribuir e também trocar ideias com os investidores que fazem parte desse universo.

Com o tempo vou delineando minhas estratégias, minha carteira de investimentos, as histórias engraçadas, as apostas para o futuro.

Mais do que isso, queria um espaço para derramar minhas ideias e escrever o que vier na telha. Às vezes nem só sobre investimentos, mas sobre a vida em geral. Nossa vida é feita de escolhas que têm um impacto financeiro que muitas vezes ignoramos: mudar-se, arrumar um novo emprego, casar, ter filhos, e por aí vai.

É isso aí, nos vemos nos posts seguintes.


CDBs - bonitinhos mas ordinários

Foi mais ou menos lá por junho de 2019, na época em que o IBOVESPA ultrapassou a marca dos 100 mil pontos, que eu fiquei ressabiado em atoch...